Solta a voz, Taynã!
- hojeeuquerovoltars
- 10 de fev. de 2015
- 3 min de leitura

"Poise, confesso que apesar de não gostar de “cantadas” ou de homens mexendo na rua, no ponto de ônibus e em vários lugares, nunca havia acontecido algo que me incomodasse tanto, ou na verdade eu já havia me acostumado com esse tipo de agressão, sim isto é uma agressão, invadem nossa privacidade sem almenos se importarem ou se perguntarem se isso nós incomoda, e sim isso nós incomoda e muito. Estes dias fui com minha mãe, irmã e tio fazer compras de flores e frutas, tudo estava indo bem, ate que decidi ajudar minha mãe a carregar as frutas para o carro, uma atitude tão simples, um caminhos tão pequeno, que na verdade se torno longo, era um dia de sol e eu estava de shorts, mas isso não importa, pois não interessa que roupa eu estava, poderia estar pelada, de lingerie, de moletom, afinal o corpo é meu, tenho todo o direito de andar como quero. Mas como sempre, eles não se importam com isso, e quando estava indo ao encontro da minha mãe, ouvi vários “elogios” e “cantadas” mas fingi que não era comigo e apenas segui enfrente… Ao pegar as frutas passei por um grupo de homens e ali sim, bem ali ouvi coisas absurdas, um dos homens gritavam “se eu pego” e o outro dizia “eu machuco”, outros diziam “vamos nos dois” e diziam mais coisas que eu tentava ignorar, ao chegar no carro comentei com minha mãe que aviam mexido comigo, mas, na verdade, eles aviam feito mais do que isso, tinham me abusado com palavras, e não tive a coragem de contar o que eles aviam falado, sim eu mesma me senti envergonhada de pronunciar as mesmas palavras, e ai então ouvi: “também olha o tamanho do seu shorts”,como se eu fosse culpada por um ato tão baixo, tão constrangedor, não consegui voltar sozinha para aquele lugar e esperei minha mãe para ir buscar o resto das sacolas e mesmo com ela ao lado esses homens nojentos, sem moral, sem respeito continuavam a dizer tais palavras.. E naquele momento eu senti nojo, me senti invadida, desrespeitada, não consegui ter nenhuma atitude, e assim como milhares de mulheres, eu apenas ignorei, pois é isso que estamos acostumadas a fazer, fingimos que nada esta acontecendo, nos sentimos intimidadas. Não me venham dizer que a culpa é minha por apenas querer me vestir do meu jeito, não me venha dizer o que devo ou não vestir, aonde esta minha liberdade? Meus direitos? Será que alguém pode me explicar o porque devo me calar? O porque nos ensinam a baixar a cabeça pros homens? Ou o porque eu tenho que ser o sexo frágil? Quero ser respeitada, quero me sentir livre para andar sem medo, andar sem culpa, quero apenas respeito, será que estou pedindo muito? Não me venha com palavras baixas, com atitudes nojentas, não se sinta no direito de invadir a minha privacidade por apenas ser homem, isso não te faz superior a mim. Não irei mais me calar, para que minhas filhas, sobrinhas e parentes não tenham que passar por isso, CHEGA, não quero apenas VOLTAR SOZINHA, quero ser livre, quero ser respeitada, não sou e jamais serei o sexo frágil."
Taynã Arcanjo tem 22 anos e quer voltar sozinha.
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