Solta a voz!
- hojeeuquerovoltars
- 15 de dez. de 2014
- 2 min de leitura

"Desde pequenas fomos ensinadas que a rua é "cheia de vagabundo" e que é uma obrigação nossa nos cuidar. Ninguém se surpreende com assobios, cantadas, passadas de mão, porque o assédio é visto como algo normal na nossa sociedade. É a máxima de que "garotos serão garotos". Na verdade, machistas serão machistas e nós, que muitas vezes nos sentimos culpadas por permitir determinadas coisas, não somos obrigadas a nos impor. É difícil reagir quando a cantada já esperada se torna uma tentativa de estupro, é difícil reagir quando o assédio vem de alguem que não se espera. A culpa não é nossa, nem pela roupa, nem pela falta de reação. Faz pouco tempo, no entanto, eu me senti culpada por reagir. Foi num dia que, toda vez que eu saí de casa, algum cara buzinou ou falou besteira. Eu estava estressada, de saco cheio e sem paciência pra ter que aguentar homem exercendo sua função de machinho. Entao, no horário de pico, com a rua cheia, um motoqueiro olhou pra mim e berrou "Oi!". Um simples oi. Eu ignorei e ele, parado na sinaleira, falou "responde". Por que ele achava que eu era obrigada a responder? Eu mostrei o dedo do meio e o moço ficou ofendidíssimo, revoltado: gritou no meio de todos varias coisas que não pude entender, disse "sua babaca!" e , mais à frente, olhou direto para mim pelo retrovisor e mostrou o dedo para mim. Quem dirigia e quem passava ficou observando enquanto eu internamente morria de medo de que ele, com toda a sua revolta, resolvesse descer da moto e me machucar. Na volta pra casa eu chorei, por ter estado tao perto de sofrer algo mais sério. O moço estava indignado, como se eu o tivesse ferido profundamente. Adivinha: nao é porque voce quer e é homem que é um dever da mulher corresponder. Moço, era um direito MEU estar ofendida, não seu."
Esse é um relato anônimo de uma pessoa que quer voltar sozinha!
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