Solta a voz, Camila!

*ilustração de Nick Kobyluch

"Esses dias estava andando de bike em Niterói, saindo da orla de Icaraí e pegando uma rua do Ingá. Percebo um homem com sua bike parada me encarando, até ai, me incomodo com a situação mas não penso nada além disso. Com meu fone de ouvido, sigo andando de bike, saio de uma rua, entro em outra e outra, quando começo a procurar as chaves de casa ainda andando de bike, para abrir o portão mais rapidamente quando chegasse à porta. Nesse momento em que procurava a chave, paro bruscamente e percebo uma bicicleta cruzando a minha no mesmo instante. Percebo que era o mesmo cara que me encarou lá na orla de Icaraí, ele passa por mim, começa a andar devagar e para na esquina. Eu resolvo parar e ver a reação dele, que descaradamente, me olhava, como que esperando para me seguir quando eu passasse. Retomo a caminhada, mais lentamente ainda, vejo ele andando na frente, entro em outra rua e paro. Ali tinham várias pessoas, então fico me deparando com aquela cena muito irritada, muito chateada. O que mais mais me incomoda é com a normalidade, com a forma descarada como ele me encarou, me seguiu, e continuaria dali me seguindo. Não sei se me roubaria, não sei se não faria qualquer outra coisa. Mas disso fica uma insegurança em estar na rua."

Camila Caire tem 25 anos e quer voltar sozinha.

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