Solta a voz, Beatrice!
- hojeeuquerovoltars
- 3 de dez. de 2014
- 3 min de leitura

"Certa vez, no ano de 2012, não me lembro o dia e o mês. Eu trabalhava no bairro do Leblon, zona sul do Rio de Janeiro e moro na Zona oeste, em Jacarepaguá, logo eu pegava todos os dias a linha 465 Gávea - Cascadura, soltava no campo do Flamengo e continuava o caminho a pé. Naquele dia nada de diferente havia acontecido até a hora daquele fato. Enquanto eu passava em frente ao barra shopping subiu um jovem (lembro do rosto dele até hoje, cabelo baixinho loiro acastanhado, olhos pequenos e puxados, narizinho e boca pequena, usava uma bermuda marrom e camisa verde-musgo e mochila preta). Eu estava sentada em um dos bancos finais, e ele sentou-se à minha frente de frente a porta de saída que era coberta por vidro que ficava à frente dele no qual via seu reflexo. Eu olhei, o vi e pensei: "Hum, bonito" sem saber que mais tarde se tornaria um monstro pra mim. Logo antes de passamos pelo túnel do Joá ele assentou-se no outro lado do banco, eu do lado direito e ele do lado esquerdo do ônibus. Depois de estarmos passando pelo túnel eu vi algo de "estranho" acontecendo ao meu lado. Ele estava com fone e eu pensei que pela agitação da música ele deveria estar curtindo, ou sei lá, tocando bateria imaginária, não sei, por que não esperamos que isso aconteça e sim agi com certa inocência de pensar isso. Na verdade ele estava se masturbando e me olhava fixamente! Quando alguém se levantava pra descer ele "o escondia" com a mochila e logo tornava a fazer. Passamos por São Conrado, entramos no túnel que liga a Rocinha à Gávea e infelizmente o mesmo estava em trânsito pra piorar aquele HORROR!!! Ele foi mais ousado e pôs seus órgão sexual pra fora, me fazendo ver. Naquela hora eu pensei em sair dali mas fiquei com medo dele me agarrar, de me TOCAR, de piorar a situação. Eu só pensei em tentar ligar pra alguém pra contar o que estava acontecendo e me ajudar de alguma forma, mas foi inútil devido a eu estar dentro de túnel e ficar sem sinal. A cada movimento que eu fazia ele agia com mais intensidade em seu ato prazeroso a si. Saímos do túnel e ele se levantou e eu pensei que ele iria pedir ao motorista pra abrir ali mesmo onde se encontra a PUC, mas isso não aconteceu. Algumas pessoas desceram e ele ficou ali em pé me olhando, fixamente ele me olhava, não piscava! Ele realmente desceria no ponto final que era o meu ponto. Chegamos até o destino final e eu pensei em esperá-lo descer e ser a última a sair. Ele deixou as pessoas passarem na frente dele e logo pensei que ele estaria me esperando e com isso aconteceria algo pior. Em um ápice de desespero eu levantei e passei na frente dele e desci, percebi que ele desceu atrás. Eu corri, atravessei a rua e fui correndo até o meu trabalho sem olhar pra trás e não o vi mais. Chorei no trabalho, me senti A CULPADA, fui julgada. Cheguei em casa e ainda tive que ouvir que minha roupa contribuiu para isso que eu não deveria mais sentar no final do ônibus pra não ocorrer novamente. Esse foi o mais frustrante que aconteceu. Eu tinha 18 anos e somente hoje, com vinte pude gritar e não me envergonhar disso. Minha mãe, irmã, amigas e amigos me apoiam. É isso."
Beatrice Fernandes tem 20 anos e quer voltar sozinha!
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