Solta a voz!

"Quando meu corpo começou a mudar, uma das coisas que mais me incomodava e me deixava fragilizada eram as cantadas abusivas que passei a receber. Aconteceram dois casos que acho que não vou esquecer tão cedo. Um dia estava no shopping, com mais duas amigas e era feriado. Só o que estava aberto no shopping era a praça de alimentação, o cinema e algumas poucas lojas de departamento. Quando saímos do cinema, indo em direção a uma delas, resolvemos ir ao banheiro e percebemos que tinham uns cinco meninos, mais velhos que a gente, nos encarando. Continuamos nosso caminho normal, mas quando chegamos em frente ao banheiro, o mesmo se encontrava trancado. Os meninos vieram na nossa direção e o desespero bateu. Descemos as escadas correndo e subimos uma outra escada rolante que, por sorte, deu em frente a uma das lojas que estava aberta. Saindo do shopping, nesse mesmo dia, resolvi ir numa padaria com meu pai e, ao chegar lá, me separei dele por alguns instantes, até que um funcionário se dirigiu a mim e falou "tá bonita hoje, ein?!". Pronto, bastou isso pra eu voltar correndo pra onde meu pai estava e entrar em prantos. O que muitas vezes faz com que os homens não se botem em nosso lugar é simplesmente por não passarem pelo mesmo. Mulher, quando vê um homem/menino na rua não atravessa a rua com medo de assalto. É com medo de ESTUPRO."

Esse é um relato anônimo de uma pessoa que quer voltar sozinha.

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