Solta a voz, Caroline!

"Eu tinha 14 anos e fui pra Ribeirão Preto-SP pro aniversário de uma prima. Quando cheguei lá, o local do evento era próximo a casa da minha tia que há muito tempo não via. Eu e a Lê, uma prima morena e linda, na época com 13 anos, fomos juntas visite-lá. Lembro que eram exatamente 4 quarteirões. A ida foi tranquila, ficamos um tempo, não muito e resolvemos voltar. Na volta, estávamos alegres, escolhendo a música que cantariamos em homenagem a Érika, a aniversariante, quando um motoqueiro de uns 40 anos passou, foi até a esquina, deu o balão e voltou. Estávamos a dois quarteirões da casa. Ele disparou atrás de nós duas, e seguramos na mão uma da outra e corremos. Eu suava, não pensava em nada, só pensava em gritar e pedir por socorro. Faltando meio quarteirão, eu cai, me ralei toda no asfalto, mas disse pra ela continuar e achar ajuda. Quando ele estava bem perto, uma vizinha que ouviu nosso desespero saiu na rua e o homem foi embora. Minha prima chamou apenas duas tias, mas a notícia espalhou. Nós duas nos abraçamos, e choramos, enquanto ao nosso redor nossas mães nos acolhiam e choravam com a gente, alguns estavam calados e tristes, nossos primos revoltados, e, como não podia faltar, tias, mulheres, nos acusando: olha a roupa também! Eu estava com uma saia no joelho e uma blusa de meia manga, enquanto ela estava com bermuda na mesma altura com uma regata. Pra completar, não nos deixaram chamar a polícia pra não estragar a festa. Eu perdoei, até mesmo aquele homem que assombra meus pesadelos, mas caramba, ate quando vão colocar a culpa em nós, de um caráter masculino deturpando e doentio?"

Caroline Cabral tem 18 anos e quer voltar sozinha!

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