Pare de culpar meus hormônios!
- Escrito por: Bruna Leandro
- 13 de nov. de 2014
- 2 min de leitura

Por muito tempo, não sabia como começar esse texto. Como começar uma reflexão sobre o quanto meu discurso deixa de ter credibilidade por conta de um suposto desequilíbrio emocional da mulher? Colocando em palavras parece surreal e até incompreensível, eu sei. Mas não é raro que minhas investidas em responder a cantadas na rua sejam rebatidas com base em uma tpm imaginária que dura 30 dias por mês.
Eu não estou dizendo que meu corpo e minhas emoções não ficam diferentes ao longo do período pré-menstrual; ficam sim, e eu não preciso me retratar por isso. O que quero deixar bem claro, é que meu raciocínio durante esses dias não se resume a um punhado de sentimentos em conflito incapazes de construir um pensamento coerente, como muita gente parece acreditar.
Quando eu respondo pra você na rua, ou quando eu te empurro em uma festa, não é porque eu não sei controlar os meus hormônios. Você invade meu espaço sem o meu consentimento, me puxa pelo cabelo, me chama de expressões nojentas. Você me olha como se eu não fosse nada e passa de carro na rua deixando só o fantasma das coisas que disse sobre a minha intimidade. Você invade, diáriamente, a minha privacidade e a minha segurança. E se eu gritar é porque eu sou louca, desequilibrada, sentimental ou estou de tpm.
NÃO. Eu sou um ser complexo demais para que o sr. sei-lá-quem-da-esquina reduza minhas reações a um estereótipo raso e em nada parecido com a realidade. Minhas reflexões são consistentes e racionais, e meu discurso não vai ser calado pelo seu descaso. Eu amo incondicionalmente minha sensibilidade, mas cansei de ter tudo o que eu falo e penso reduzidos a isso.
Pare de culpar meus hormônios, se são os seus que estão fora de controle!
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Bruna Leandro tem 19 anos, é estudante de Jornalismo da PUC-Rio e uma das idealizadoras do projeto "Hoje eu quero voltar sozinha".
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